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Mostrando postagens de novembro, 2008

29º Sarau da Câmara dos Deputados

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O Núcleo de Literatura convida para o último sarau do ano, que será a festa de encerramento das atividades em 2008 e noite da entrega dos 8 prêmios do 2º Desafio aos Escritores, que serão conhecidos durante o sarau. Haverá apresentação do Coral da Serenata de Natal da UnB e do cantor Alirio Netto. Os mais belos poemas de temática natalina serão lembrados nesta noite mais do que especial. Coquetel: Ceia literária Venha, convide seus amigos, participe! 8 de dezembro 20 h Teatro SESC Garagem - 913 Sul Entrada franca

Morzinho

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Luci Afonso 9h — Bom dia, morzinho! — Bom dia. — Dormiu bem? — Acho que sim. Não lembro. — Já tomou o seu todinho? — Ainda não. — Pede à Dôra para fazer bem quentinho. — Tá. — Já começou a tarefinha? — É. — Então, começa e pega firme. Depois eu ligo de novo. Um beijo e um abraço. 10h30 — Oi, morzinho! — Oi. — Terminou a tarefinha? — Sim. — Fez direitinho? — É. — Então, descansa um pouquinho até o almoço. Enche a barriguinha, viu? Um beijo e um abraço. 13h — E aí, morzinho, já está prontinho? — Tô. — Escovou os dentinhos? — É. — Penteou o cabelinho? — Sim. — Tá cheirosinho? — Acho que sim. — Pede à Dôra o dinheirinho do lanche, viu? Cuidado no elevador. — Tá. — Vai com Deus. Boa aulinha. Um beijo e um abraço. 18h — Oi, morzinho! — Oi. — Tá cansadinho? — Sim. — Foi boa a aulinha? — É. — Tá com saudade de mim? —Tô. — Me dá um beijo e um abraço. Hum! Te amo, filhinho. — Eu também, mãe.

O que vejo

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Isolda Marinho Quando olho quase tudo e nada vejo Apenas fito leves riscos de lampejo Não vislumbro o horizonte que almejo Contemplo o sonho invisível que não olho sob a luz indivisível do meu olho Miro enfim o que aparece, não escolho Quando observo as tantas curvas que tracejo Prevejo até além das linhas de minha palma É que atingi o ritual do meu cortejo Então me vejo com o olhar da minha alma

Sonho bom

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Luci Afonso ...Segunda-feira Grande festa com crianças. Coloco broche de borboleta na minha roupa. Rapaz me convida para olhar estrelas e depois namorar. Terça-feira Um homem de uma tribo me põe vários colares e pulseiras. Dois cômodos grandes são meu ateliê. Adoto menina que é menino. Quarta-feira Encontro jóias pelo chão. Balanço bem alto. Pessoas gostam de mim. Quinta-feira Todos estão com o cabelo mais bonito. Homem com filho pequeno se interessa por mim. Dou meu livro ao Presidente Lula. Sexta-feira Príncipe me convida para ir na carruagem com ele no dia da coroação. Homem bonito me ajuda a mudar a casa. Sábado Rapaz toca violoncelo para mim numa plantação de morangos. Passo mel nas coisas. Seguro menininha preocupada numa biblioteca. Domingo... Rapaz me leva para a casa dele por um caminho de cetim. Homem tatua poema da paciência no meu braço.

Poética

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Isolda Marinho A poesia em mim se infiltra, penetra, invade, adentra, habita. Quando faço verso bom, sou Drummond . Quando crio rima boa, sou Pessoa . Musicando os ideais, vem Vinícius de Morais . Quando a carne se desnuda, só Neruda . Se aos 80, sou menina, quero Cora Coralina . Se escrevo até sem eira, por que não ser o Bandeira ? E na arte de rimar como é bom o meu Gullar ! Se na métrica sou a tal, quero ser João Cabral . Se um poema não me engana posso ser Mário Quintana . Versifico o que é belo, sou Tiago , o de Melo . Nas Vertentes de Jovina , minha palavra se anima. E se escrevo para o céu... são Tremores de Emanuel . Tremo, vibro, queimo e ardo num poema de Abelardo . Poetando a vida infinda vem Elisa , a Lucinda . No Rubi de Amneres , sou Cecília " Meio reles ". No meu verso submerso, eis aí meu universo.

28º Sarau da Câmara dos Deputados

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O Sarau da Consciência Negra trará os cantores Angela Regina e Wilson Bebel e os atores PC Sanvaz e Vanessa di Farias, entre outros, interpretando textos de Castro Alves, Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Luiz Gama e Marthin Luther King. Participação especialíssima de Máximo Mansur & Jorge Amâncio. Coquetel com pratos da culinária de origem africana. Entrada franca.

Rouxinol, Pombinha e Cotovia

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Luci Afonso Olhou para os quatro cantos do teto, como sempre fazia ao acordar. Fez o sinal-da-cruz da direita para a esquerda, depois ao contrário. Recitou a Oração da Serenidade em voz baixa. Era tarde, o dia já clareava. — MEU BEM, ESTOU COM SAUDADE. VAMOS NOS VER HOJE? ROUXINOL. - Selecionou os dois números. Alongou-se, fez a ginástica dos safenados, passou um fax para o Fernando Henrique. Inclinava a cabeça bem para trás para tomar os remédios dispostos em ordem alfabética no criado-mudo. Guardou o pijama preferido, que sua filha lhe dera de aniversário há 20 anos. Só dormia bem quando o vestia e calçava meias, costume herdado da tia Albertina. Conferiu o cabelo no espelho do banheiro e decidiu que não caíra nenhum fio desde o dia anterior. Ajeitou os poucos que restavam. — PRECISO DE VOCÊ. ESTOU COM MUITO T... BJS. - Enviou para ambas. Estava a perigo, não conseguiria passar a noite sozinho. Duas bananas, uma lima-da-pérsia, um iogurte de morango, que ele tomava aos goles, movendo

Cigarras

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Isolda Marinho Cigarras soturnas sibilam cintilam simulam sob sol setembro Cigarras singelas solenes sozinhas silenciam sob céu cidade Cigarras sinceras se soltam soletram suspiram Cigarras são seres sinistros sensatos sedentos cigarras sonoras sossegam sussurram saciam cigarras são santas sinais silentes silvestres cigarras sinfônicas seus essessssszzzzzzzzzz

Pesadelo

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De: luci.afonso@terra.com.br Enviada em: segunda-feira, 3 de novembro de 2008 10:52 Para: elza.sobrinho@uol.com.br Assunto: Lista Querida Elza, Aqui vai a lista que você pediu para analisarmos na próxima sessão. Ela se refere ao mês de outubro. Tentei organizar por assunto, para facilitar. Bj “ Ataques Atacada por um tarado de toalha. Um poeta louco me atacava. Monstros atacavam a cidade. Animais Cachorro nos mantinha em cima de uma cerca. Tentando escapar de cidade escura. Galo queria me bicar. Um lobo atacava a casa e eu o dominava pelo pescoço. Lindo pássaro assassino. Corpo Limpando meus dentes removíveis. Pernas não conseguiam subir escada. Batendo em mulher que tinha queimado meu olho. Sexo Sexo selvagem com surfista prateado. Ex-alcoólatra com tendências suicidas queria me namorar, mas a mãe dele exigia caução em dez vezes. Culpa Arrumando coisas para ir para a cadeia, mas era perdoada. Violência Mulheres invadiam festa, torturavam e matavam. Parque de horrores. Fugindo da gu

Poeta com P

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Isolda Marinho Poeta com P pisa no palco pede a palavra e propõe poesia. Pincela um poema promete o perfeito produz paraíso projeta no peito o ponto preciso Poeta com P parece Picasso pinta palhaço pulsa, pranteia na praia passeia Poeta com P primeiro procura a página pura prepara o pincel pega na pena perturba o papel Poeta percebe permite proclama persiste pinça princípios preenche a penumbra Poeta com P é profeta pressente o perigo passa, tem pressa Poeta com P parte prá Passárgada Poeta com P é porreta provoca publica protesta propaga pratica Poeta é presente propala o perfume prateia o pretume Poeta professa protege penetra perfaz Poeta com P pretende Paz Isolda Marinho é alagoana que chegou a Brasília ainda menina. Formou-se no Curso de Letras da Universidade de Brasília e foi professora da Fundação Educacional do Distrito Federal. Poetisa desde os 14 anos, recebeu premiações em vários concursos literários. Publicou "Sementes de Amora", em 2000, e "Viço do Verso&qu

Cordel das Festas Populares

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Gustavo Dourado A Ciência do Folclore: Aprendi com o Cascudo... Patativa deu o mote: Ariano conteúdo... Vitalino esculpiu: Cartola nos disse tudo... Baião de dois:Farinhada A sagrada rapadura Bebo uma talagada Gole de cachaça pura Para cantar o Brasil: E os festejos da cultura... São muitos ciclos festivos: Ano-Novo...Carnaval... Ciclo das Águas e do Divino: Sacro ciclo quaresmal... Ciclo junino e julino: Papai Noel no Natal... As doze noites festivas: Iniciam-se no Natal... O culto ao Sol Invictus: Antigo e tradicional... Vai até 6 de janeiro: Reis Magos universal... Diversas festividades: Festas do Cristianismo... Divindades, santos, santas: Eclético ecumenismo... Nosso Senhor, Nossa Senhora: Procissões do sincretismo... Folguedos, bailes e cultos: Práticas devocionais... Os índios também celebram: Fazem os seus festivais... Tropos, autos, malhações: Votos sobrenaturais... Mani.fest.ações de rua: O Galo da Madrugada... Trio Elétrico da Bahia: No Cerrado a cavalhada... Catira...Coco..

Meninas gordinhas

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Luci Afonso Sempre fui perseguida por meninas gordinhas, feias e míopes. Lembro-me, especialmente, de três. A da escola primária nunca me deixava entrar na roda do recreio: — Ela, não! As colegas obedeciam com medo do punho forte, que derrubava até meninos. Eu me sentava na escada do pátio e comia o lanche. A gordinha, com ar de triunfo, não tirava os olhos de mim. Terminado o primário, ela se mudou da cidade. A da adolescência tinha uma bunda enorme, que fazia sucesso entre os rapazes. — Fala “chuchu”! - Ela provocava, imitando o biquinho que eu fazia ao pronunciar essa palavra. Todos achavam muita graça. Depois do ginásio, nunca mais tive notícias dela. Encontrei a terceira gordinha na Comunhão Espírita, onde trabalhávamos como voluntárias. Na primeira vez em que conversamos, ela abriu um meio sorriso e comentou: — Você parece uma freira! - juntando as mãos, como numa prece. Sempre que nos víamos, ela repetia o gesto. Algum tempo depois, ela deixou a Comunhão e nunca mais a vi. Sempr

Fiapo d’água

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Antônio Cardoso Neto Não muito longe do mar, o fiapo d’água desembrenha-se da rocha nua no pé da serra para mais adiante emendar-se com outras águas, mudando inúmeras vezes de nome e de dono como um cão vadio. Logo mais, passa a chamar-se Tietê. Ao contrário das corredeiras que se desgarram das encostas escarpadas da serra e se lançam no vazio buscando o mar desesperadas, o rio recém-nascido inicia sua sina cabocla de costas para o Atlântico, levando na corrente mansa quem ou o quê se destine ao interior. Antes, passa pela urbe desmesurada, onde recebe mais detrito que qualquer outro rio do universo. Torna-se uma gosma que a perpassa lentamente e empesta o ar, devolvendo-lhe os insultos. Só muito depois é que reaparecem alguns lambaris e lambe-pedras. Não recupera mais a transparência. Depois de cruzar cafezais e pastagens, se enfia pela vastidão pálida e vulgar dos canaviais. Acolhe o Piracicaba, intumesce o ventre em Itapuí, encontra o Paraná e se embaralha a outros nomes tupis vindo

Breakfast

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Marco Antunes Calling you (Bob Telson) A desert road from vegas to nowhere some place better than where you've been A coffee machine that needs some fixing In a little cafe just around the bend I am calling you Can't you hear me I am calling you Era uma estrada deserta entre Vegas e nenhum lugar que me pareceu merecer um nome — e talvez Mojave haveria de ser o sobrenome de qualquer ponto no mapa — se houvesse a possibilidade de encontrar algum no porta-luvas abarrotado de papéis sem ordem (ou motivo de arquivo) sobre trastes com aspiração a lembranças. Parado no acostamento com os dedos queimados pelo copo de café desproporcional, eu olhava a mulher recostada em meu carro com seu jeans imundo e me perguntava em que limite da solidão eu começaria a usar de algum critério para não dormir sozinho. O vento empoeirado da estrada sugeria aflito um rumo para os lados da Califórnia, mas a possibilidade de chegar sem mim a algum destino, impressão que oceanos sempre me causam, aconselha

Sarau Festas do Povo

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O Espaço Cultural e o Cefor convidam para o Sarau Festas do Povo, que celebra as raízes culturais brasileiras e está entre as comemorações do Dia do Servidor. As manifestações culturais de um povo são as raízes de uma nação, a sua "marca" e trazem consigo as histórias e as lendas do seu passado, conscientizando as pessoas do caminho traçado até chegarmos aos dias atuais. Um povo que preserva sua cultura sabe direcionar o rumo a ser seguido e possui identidade própria. Cacuriá, Folia de Reis, Viola Caipira, Catira são alguns exemplos destas manifestações que serão apresentadas no evento. Venha participar desta festa! Programação 19h Recepção – Cia. Mambembrincantes Hall de entrada 19:30h Catira e Folia de Reis – Grupo Irmãos Vieira Hall do auditório Cuitelinho (Paulo Vanzolini) – Marcos Mesquita, viola caipira Saudades da minha terra (Goiá) – Marcos Mesquita O Lema do Nordestino (Amigão – Alberto R. da Silva) – Anabe Lopes Carnaval em Pirapora (Adilson Cordeiro) – Isolda Mar