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Mostrando postagens de abril, 2020

Hoje acordei tão Brasília!

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Isolda Marinho Hoje acordei tão Brasília! Meus braços viraram asas Tesouras que cortam moradas em quadras Agulhas que arrematam com linhas difusas as retas que costuram candangas satélites e balões que circundam imaginárias esquinas Tudo se cruzando no grande eixo que é meu corpo de ponte. Meus cabelos são agora coloridos ipês em que cigarras cantantes anunciam tão desejadas gotas de refresco na sequidão. Ah, Brasília! de águas claras, lindas, emendadas onde a esperança tem campo           as emas têm recanto            e o riacho não é raso. Hoje eu sou toda esta cidade! E quando chega o céu lilás me deito no leito de um lago artifício para amanhã acordar de novo — e sempre. Brasília 21/4/20                                    

CHÁ E POESIA - Convite

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Solitário nesta tarde de domingo? Que tal um pouco de poesia para te fazer companhia? Trago poemas que cruzaram meu caminho esta semana - e nunca se recusa um poema. Para crianças, adultos e mais maduros, com a audácia de um poema em inglês. Chá e Poesia de Domingo HOJE 19 de abril 17h Live Instagram @luciafonso99 @lugar.de.encontro

A última pétala

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Luci Afonso Hoje caiu a última pétala da orquídea branca. Ela se agarrou muitos dias ao caule numa morte lenta e digna. O amor da mesma forma se entranha em meu peito e insiste em não morrer. Estou esperando que ele caia murcho e seco para que eu possa me replantar em algum terreno fértil.

COLIVRO-20 Um alívio na quarentena

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Clube de Leitura Virtual para Mulheres Maduras

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Poesia e Emoção

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Marco Antunes “O que em mim sente, está pensando” Fernando Pessoa Há poucas semanas escrevi um pequeno poema de teor modernista, quase um poema-piada, que, como seus antepassados da lavra dos poetas da primeira geração modernista no Brasil, não deixou de causar uma certa celeuma. Assunto que mantenho com intransigente convicção no que se refere à minha obra e, em geral, à obra de todos os poetas que, de fato, aprecio e pego para ler por vontade e não obrigação. Dizia o poema: “Poeta emocionado? Ora, me poupe! / Senhor florista, as flores têm que exalar perfume é na casa do freguês.” Foi o que bastou para entrar em diversas conversas com pessoas que não gostaram da opinião ou simplesmente me pediam explicação. Não tem muito a explicar, não. É profissão de fé mesmo! Só acredito que a emoção esteja pronta para o poema depois de ter sido considerada pelo pensamento, filtrada na razão, reduzida a símbolo que faça um bom diálogo com os grandes mitos eternos. Antes

10 Considerações sobre Poesia

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Conselhos que sempre dou em minhas oficinas Marco Antunes 1-Jogos de palavras são um primarismo batido. Nelson Rodrigues aconselhava os novos autores a não fazerem “literatice” e completava que o brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra. Está certo! Coisas como Encantadora Mente e tais são de um simplismo constrangedor. Costumo dizer em aula que o adorável versinho de Quintana “Eles passarão, eu passarinho” é um lindo achado, mas raro, raríssimo e não é para amadores, poucas vezes dá certo. 2-Há quem diga que poesia é apenas música, mas contra isso tem a voz do mestre modernista Bandeira: “Clame a saparia em críticas céticas: ‘Não há mais poesia!’ Mas há artes poéticas”. É isso: musicalidade, com ritmo fixo ou contextual, é importante, mas há poemas como os de Whitman, Álvaro de Campos e outros que se fazem com ritmo dramático de monólogo ou solilóquio. Apenas musicalidade com ritmo e rima dificilmente geram um bom poema. Drummond, por exemplo, várias vezes comp

Meu depoimento para uma tese de doutorado

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Marco Antunes Um postulante a doutorado pede-me que, como animador cultural, agente de divulgação literária e escritor, responda de modo objetivo 20 perguntas para sua tese de doutorado. Como sou apenas um dos 100 escolhidos de diversas áreas, em todo o Brasil, para responder à entrevista, ele me deixou livre para divulgar minhas respostas. Então, aqui seguem 10 que considerei interessante compartilhar.(transcrição do depoimento oral) 1-Comparado ao resto do mundo, em sua área de atuação cultural, como vê a situação do Brasil? Resposta- Empobrecida intelectualmente por uma educação deficiente, por políticas culturais que privilegiam eventos (com finalidade mais de divertimento que de formação) e obras, sem espaço para   oficinas e formação técnica e filosófica de potenciais escritores, tudo somado ao fato de que, por décadas, houve uma impiedosa, unilateral e sem dialética doutrinação de esquerda, a intelectualidade brasileira tornou-se pobre, desatualizada e pateti

Entrevista com Marco Antunes

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por Alexandra Rodrigues É uma hora da tarde de uma sexta-feira de novembro. Marco Antônio Antunes acaba de conduzir o ciclo de poesia, o último dos horários dessa manhã preenchidos com oficinas de conto, poesia e crônica. A despeito da longa manhã literária, mostra-se totalmente disponível e disposto para uma entrevista, na acolhedora sala do Núcleo de Literatura do Espaço Cultural da Câmara dos Deputados, em Brasília. 1. Com uma identidade inseparável da existência literária, quem é Marco Antunes, poeta e contista? De onde ele vem e qual o seu projeto literário? Quem eu sou não sei te dizer. Eu não tenho essa consciência que a gente vê em Drummond, que consegue, na primeira página do livro, fazer um projeto literário que irá cumprir até o final da vida, a ponto de chegar em seu último livro, colocar o título de Farewell e ser realmente o último livro. Talvez por isso, ao contrário de Drummond, que conseguiu se resumir de pronto em sete grandes temas, eu tenha feito meu