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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Poemas não perdem a coragem

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Tia Luci, Eu estava vagando pelo apartamento vazio em uma noite de insônia quando decidi imprimir alguns textos, ou melhor, parágrafos que andei rabiscando nos últimos tempos. Estou lhe enviando alguns e gostaria muito que você os lesse quando tiver um tempo. Ah, e junto vai o quadro com o poema que você me emprestou há muito tempo. Ele é lindo, e adorei poder lê-lo quase todos os dias. Com carinho, Leonardo Poema de Mariza* Estive doente Dos olhos Da boca Dos nervos até Destes olhos que viram mulheres perfeitas Da boca que receitou poemas em brasa Ah... dos nervos manchados de fumo e café Estive doente Não quero escrever Eu quero um punhado de estrelas maduras Eu quero a doçura do verbo viver. (Autor desconhecido) Poemas não perdem a coragem. Recebi este das mãos da terapeuta Mariza Oliveira, um mês antes de ela falecer devido ao câncer. O poema me acompanha deste então, e esteve durante algum tempo com meu sobrinho Leonardo, hoje doutor

Poemas não envelhecem

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O Imponderável Olhar de Tristeza de Minha Amiga ( Para Luci. Um dia te vi assim .) Marcos Silva Nesta poesia Falo da triste cor dos teus olhos Querida Luci. Inspiro-me nos pássaros dourados Alçando, como eles, Voos ao final da tarde Arrastando pelo céu Melancólicas carruagens de cores Acompanhantes do sol Em seus funerais cotidianos Ponho-me à frente dos teus olhos Pressentindo a longa noite por vir Longa noite de angústias Por isso peço-te, minha amiga, As lágrimas da tua tristeza Traga-as para o meu canteiro de poemas Com elas regarei versos insensíveis Desencantarei homens dormentes Abaterei corações endurecidos. Março 1992

De Marcos para Léo

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De: Marcos Silva Para: Leonardo Silva Segunda, 24 de julho de 2006 Léo, um abraço carinhoso do teu velho. E então, as coisas estão se organizando na tua cabeça? Já é possível viver sem tanto peso nos ombros? Alguém te contou que há um homem muito feliz em algum lugar deste planeta, mas as televisões não ousam apresentá-lo ao mundo para não servir de parâmetro para os outros bilhões de seres a quem disseram que isso não é possível? Pois é. A literatura mais antiga diz que ele existe. Alguns filmes inclusive mostraram cenas em que ele aparecia. Eu mesmo o vi, de relance, certa vez, quando me olhava num espelho, mas faz tempo que outras sombras obscurecem tudo ao meu redor. Creio que é essa coisa de usar óculos escuros... Não sei ao certo. Ah! Desculpe, nunca me viste de óculos escuros, não é? Esqueci de explicar: tem gente que usa óculos escuros pelo lado de dentro. Estou com saudades de ti. Venha passar um dia com este teu velho pai, está bem? É

Quase nada

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Luci Afonso Quase nada resta de você. Há outro corpo quente embaixo do cobertor. Fiz uma playlist das músicas que te mandaria se ainda te amasse. Seu rosto raramente aparece em meus sonhos. Braços fortes me conduzem na dança que nunca encenamos. Como ela é? Te dá o mesmo prazer? Te espia com olhos de infância? Fala durante o sono?   Como ela é? Espera você acordar para começar o dia? Adora café na cama? Sem ela não amanhece? Quase nada restava de mim. Deixei aí meus desejos mais sinceros. A aliança de noiva, o altar à beira do lago. O resgate do afeto perdido, o laço indissolúvel. A paz final. Quase tudo nos separa. Sua voz está cada vez mais longe. Sua pele se esvai aos poucos na névoa que encobre sua lembrança. Minhas palavras estão de luto. Quando ele passar, vestirei as palavras brancas da saudade. Quase tudo restará de mim. Janeiro 2020 (Foto: Diego Feitosa)