Brancas de Neve
Luci Afonso Os homens aproveitam o sábado para pescar com amigos no Lago e se recusam a levá-las. As duas sentem um leve desejo de vingança. A tarde está quente. Escolhem uma garrafa de vinho geladíssima e sentam-se no carpete, decididas a se embebedar. Conhecem-se há pouco tempo, mas vivem se encontrando para almoçar, fazer compras ou simplesmente bater papo. Riem muito juntas, por qualquer motivo. A dona da casa recolhe livros infantis espalhados pelo chão, entre eles o de Branca de Neve. Pertencem à filha de sete anos, que está passando o fim de semana na casa dos avós. Depois de algumas taças de vinho, ela sugere: — Vamos brincar de Branca de Neve? — Como é? - pergunta a outra. — Você nunca brincou? — Nunca - ela mente. — É assim: eu sou a rainha má e você é a princesa boa. Eu te dou uma maçã envenenada, você morde e cai no sono. Os anões pensam que você morreu e te preparam um leito de flores. O príncipe vem e te acorda com um beijo... — Cadê os anões? — Foram pescar. — E o prínci