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Mostrando postagens de maio, 2009

Luci Afonso e "O Guardião da Manhã"

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Cinthia Kriemler Luci Afonso é uma pessoa única. Logo de início, quando enxergamos apenas sua casca, cometemos a imprudência de considerá-la quieta, mansa. Depois, quando escolhemos procurar mais a fundo e escutar além daquela voz harmoniosamente baixa, rompe-se para nós um vulcão. Luci é, de uma ponta a outra, percepção. Percebe e retrata o humano, o inumano, o deslize, o pecado, a vocação, o empenho, o humor, a rebeldia. E respeita cada personagem em suas nuanças de vida, como respeita a cada um de nós, modelos. Pessoas que não sofrem, ou que se recusam a sofrer, ou que se recusam a mostrar que sofreram me amedrontam. Porque só depois que o sofrimento enfia as unhas na nossa alma é que a gente começa a notar o que realmente conta. A alma de Luci deve ser bem unhada... Suas crônicas refletem a postura de uma vida que ainda sabe sonhar. O mundo, em seus simples pormenores, ganha graça, elegância e beleza pelas mãos da cronista. Dia 28 de maio próximo, quinta-feira, Luci Afonso lançará

Crônicas com sabor poético

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Da Redação Foto: Alexandre Fortes/Divulgação Os ipês amarelos, o Eixão em dia de domingo, o canto das cigarras, a vista da Esplanada. Elementos simples que fazem parte do dia a dia de qualquer morador de Brasília tomam forma lírica nas palavras de Luci Afonso, que participa do projeto Quinta Crônica deste mês, no Auditório do Centro de Formação da Câmara dos Deputados (Cefor). O evento traz literatura e música, embalada pelas letras de Renato Russo. “ Escrevo desde a adolescência. Na escola, sempre gostei de português e meus professores me incentivavam a ler e escrever. Quando comecei a frequentar uma oficina de crônicas, decidi juntar o trabalho que tinha e formar um livro .” É com essa despretensão que a mineira de Araxá, servidora pública da Câmara dos Deputados, descreve a concepção de sua primeira obra, Velhota, eu? (Editora Thesaurus), cujas crônicas serviram de objeto para a dramatização no Quinta Crônica de hoje. Autor e diretor do evento, Jones Schneider conta que recebeu o

O lavador de carros e a escritora

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Personagem Lavador de carros na Câmara, Clodoaldo Paulino inspirou servidora a escrever um livro O dia em que um homem humilde inspirou uma cronista. Esta história virou um livro Marcelo Abreu Fotos: Gustavo Moreno/CB/D.A Press Sem poder mais trabalhar, Clodoaldo, ou “seu” Pernambuco, 81, é personagem que dá nome ao livro da cronista Luci Afonso, servidora da Câmara, 49, lança o segundo desafio: escrever sobre uma gente diariamente invisível Tem gente que gosta de gente. E sabe observar gente. Tem gente que faz de gente aliado. Tem gente que verdadeiramente se importa com gente. Era uma vez um homem que lavava carros. E uma mulher que todos os dias estacionava o seu veículo no lugar onde aquele homem lavava carros. Ele tem 81 anos. Ela, 49. A cada reencontro, ele dizia a ela, com voz grave de barítono: “Bom-dia, madame!” Ela lhe devolvia: “Bom-dia, seu Pernambuco...” Ele perguntava pela família dela. Ela dizia que estava tudo bem. Ele, então, antes que ela partisse, lhe desejava que

O Guardião da Manhã

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Mineira por nascimento e brasiliense por destinação, Luci Afonso anseia, todo ano, pela primeira flor do ipê-amarelo e pelo canto inaugural da cigarra. Seus personagens humildes caminham audazes sob o céu infinito de Brasília, seus avatares lutam silenciosos em recantos improváveis da cidade. O Guardião da Manhã é um desses seres luminosos. "As crônicas de Luci Afonso associam pitadas femininas de ternura e poesia a diálogos ágeis e bem-humorados. Tu, leitor, sorris e te divertes com a tragédia do dia a dia, sem notar que a sutil compreensão que Luci te oferece do cotidiano permanecerá na corrente do teu sangue, impregnada definitivamente nos poros de tua perplexidade. " Lançamento: 28 de maio Auditório do Cefor 19h30min Entrada franca. Todas as manhãs têm um guardião. Descubra o seu.

QUINTA CRÔNICA

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Renato Russo e Luci Afonso Direção e atuação de Jones Schneider. Com Alex Souza e participação especial do poeta Marco Antunes. Lançamento do livro "O Guardião da Manhã", de Luci Afonso. Quinta-feira,28 de maio, às 19h30, no Auditório do Cefor (Centro de Formação da Câmara dos Deputados, Setor de Garagens Ministeriais Norte, Via N3,atrás dos anexos dos ministérios). Entrada franca. Não recomendado para menores de 12 anos. Informações: 3216-7678 ou 9937-7180 http://www.tercacronica.com.br/

Depois do fim

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Luci Afonso Prefácio Ele gagueja, não olha quase ninguém nos olhos, move continuamente as mãos, num traçado imaginário. Desde pequeno, ouviu dizer que é diferente. Esquisito, calado, retraído. Capítulo 1 O primeiro amigo foi um livro. O mais recente também é. Só confia em pessoas mais velhas: na mãe, no professor de português, no pagodeiro debochado. Capítulo 2 Gosta de futebol e shows de rock . Ainda não namorou. Já foi dark . Já quis morrer. Capítulo 3 Uma noite, de tão triste, imaginou o fim do mundo. Em seguida, o mundo depois do fim. A ideia virou título, frase, parágrafo, capítulo, romance. O primeiro foi publicado, o segundo ficou pronto, o terceiro está a caminho. Capítulo 4 Na realidade sonhada pelo coração jovem e valente, há batalhas terrestres, aéreas, aquáticas, intergalácticas, interiores. Os heróis sempre têm final feliz. Capítulo 5 Ele vai a entrevistas, lançamentos, noite de autógrafos, palestras. Aperta mãos desconhecidas, pergunta nomes, faz dedicatórias. Desde p

O cronista e o travesseiro

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Conceição Freitas Se a literatura fosse uma cama, a crônica seria o travesseiro. Não tem a imponência nem a robustez do romance, não suporta todas as dores do humano, mas na sua reduzida extensão territorial nos retira do embate diário do viver, convida o sono a se aproximar, abre as portas do sonho, nos afasta momentaneamente dos fatos implacáveis do cotidiano. Tem gente que não dorme sem seu travesseiro. Eu não durmo sem minhas crônicas. Não as minhas minhas, óbvio. As minhas escritas pelos meus cronistas preferidos. Leio nem que seja um parágrafo ou releio ou trileio. Deixo que o cronista cante no meu ouvido a sua doce canção de ninar. Fosse escolher a crônica que mais gosto de todas quantas já li, diria que é a de Clarice Lispector sobre Brasília. Não é um texto, é uma revelação, uma epifania. (“ Sou atraída aqui pelo que me assusta em mim. — Nunca vi nada igual no mundo. Mas reconheço esta cidade no mais fundo de meu sonho. O mais fundo de meu sonho é uma lucidez .”) Pego ao léu o

Quem não faz, toma

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Metáforas esportivas Boxe Ir a nocaute - ser vencido arrasadoramente Jogar a toalha - dar-se por vencido Ter jogo de cintura - ter capacidade de adaptação Sinuca Bola da vez - centro das atenções Sinuca de bico - impasse Turfe Correr por fora - buscar alternativa Páreo duro - dificuldade Barbada - vitória quase certa Vôlei Levantar a bola - favorecer Xadrez Xeque-mate - momento decisivo FUTEBOL Estar com a bola toda - ter muito prestígio ou cartaz Pisar na bola - cometer uma falha grosseira Dar show de bola - ter ótimo desempenho Vestir a camisa - identificar-se com os ideais de uma instituição Pendurar as chuteiras - aposentar-se Jogar para o time - buscar o bem da empresa e não aparecer Querer ganhar no tapetão - prevalecer sem razão; vencer a contenda sem fazer o embate Estar na retranca - ser retraído, não se mostrar como se é Fazer o meio de campo - levar aos subalternos a orientação superior Ter cancha - ter experiência Quem não faz, toma - fracassar por falta de iniciativa (

A mais bela história do escritor Gabriel

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Rapaz que luta contra Síndrome de Asperger se destaca na literatura Marcelo Abreu ( Correio Braziliense , Caderno Cidades , pág. 38, 09/05/09) Março de 1990, Hospital Santa Helena. Nascia Gabriel. O primeiro filho do contador carioca Geraldo de Sousa e da poetisa e servidora pública alagoana Isolda Marinho. O bebê veio grande, forte, sadio. Pesou mais de 4kg. O médico brincou com a mãe: “Esse menino não podia sair por baixo mesmo”. A família comemorou. O tempo passou. Gabriel crescia como qualquer outra criança. Aos 6 anos, na pré-escola, começou a se interessar por aviões. Desenhava coisas inacreditáveis. A professora um dia chamou a mãe e lhe disse: “Seu filho só pensa em avião”. Isolda achou que aquilo era apenas um gosto do menino, coisa de criança. Gabriel, a cada dia, se aperfeiçoava mais nos desenhos. “O que me agradava era a parte estética das aeronaves. Não queria saber da mecânica, de nada disso”, ele diz. Vieram as coleções de revistas sobre o assunto. Gabriel começou a

Literatura sem mitificação

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Brasília, sábado, 02 de maio de 2009 Núcleo de leitura na Câmara dos Deputados promove discussões, oficinas e ajuda autores potenciais a perder o medo de arriscar Pablo Rebello Fotos: Cadu Gomes/CB/D.A Press Coordenador do espaço, Marco Antunes defende que o importante para escrever é ter vontade de trabalhar No oitavo andar do Anexo 4 da Câmara dos Deputados existe uma sala sem número, meio escondida, onde os jogos de poder praticados pelos políticos não têm vez. Em um ambiente com poucos metros quadrados, conhecido e frequentado por algumas centenas de pessoas, as palavras fluem como poesia e a imaginação toma asas. Ali, talentos ocultos se manifestam e textos de toda sorte são produzidos por alunos apaixonados pela arte da escrita. Muitos, inclusive, realizam o sonho de publicar um livro só seu. A pequena sala leva o nome de Núcleo de Literatura do Espaço Cultural Zumbi dos Palmares da Câmara dos Deputados. O local começou a ser usado como sala de aula seis anos atrás, graças às açõ