Abaixo de zero
Luci Afonso O ambiente no ônibus era tenso. Tínhamos acordado de madrugada para chegar a Washington ainda de manhã. Todos estavam sonolentos e com fome, pois o breakfast seria servido num restaurante na primeira parada, após duas horas. Era domingo. Eu estava sozinha, num dia particularmente difícil. Minha prima, que me acompanhava, resolvera ir também de ônibus a um outlet em Nova Jersey para trocar o par de tênis da filha. Havíamos andado a cidade inteira atrás desse tênis. Ela não desistiu. O guia, Antonio, estava pouco inspirado: sentou-se e não falou até chegarmos ao restaurante. Depois de comer, pareceu despertar e disparou a falar sobre os lugares por que passávamos. Estava muito, muito frio. Achei a cidade belíssima. Visitamos os pontos históricos, incluindo os memoriais de guerra, a Casa Branca e o Capitólio. Antonio andava depressa, quase correndo, por causa do frio e do horário. O grupo tentava acompanhá-lo, e eu era sempre a última a descer e a subir no ôn