Tamo sempre junto
Luci Afonso Tamo sempre junto , dizia o bilhete no buquê de rosas vermelhas sobre a mesa da sala. Quando recebi a notícia, peguei a bolsa e saí correndo para a rodoviária, sem levar uma mala sequer. Passei muito tempo sem perceber a loucura do meu gesto. O trajeto até Araxá era de nove horas. Fazia frio, mas eu também esquecera o agasalho. Só conseguia pensar no meu primo. Nossos nomes eram parecidos, não por coincidência. Foi um gesto dos nossos pais para selar o afeto mútuo. Nasci primeiro e, apenas dois meses depois, aquele que seria o grande amor da minha vida. Foi um acontecimento cósmico: dois seres destinados um ao outro se reencontravam. Pelo menos, era nisso que eu acreditava. Logo que desci do táxi, avistei-o no fundo do salão. Eu viajara a noite inteira para estar ao seu lado naquele momento. Ele não chorava como os outros; ria e falava alto, como se estivesse em choque. No prazo de um ano, ele perdera a mãe, debilitada pela longa doença, a esposa, po