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Mostrando postagens de agosto, 2009

Querida, Meu Bem

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Luci Afonso Arrasto-me pela casa com roupão branco e chinelos atoalhados, esperando que ela vá embora. Na infância éramos inseparáveis. Depois, afastamo-nos um pouco, mas ela insiste em aparecer de surpresa e em se demorar: — Vim o mais rápido que pude, Querida. Meu Bem é sozinha: não tem família, nem amizades, nem bichos de estimação, nem plantas. Quando chega, espalha-se pelos cômodos, revira o quarto, desliga o computador e esconde os óculos para que eu não leia, não escreva, não faça nada além de cuidar dela. O telefone emudece, as persianas se fecham, as violetas murcham. Os gatos param de brincar. Durmo o dia inteiro para que passe mais rápido, mas ela se deita comigo e quer brincar como antes: — Lembra? Ainda não consegui dizer que já estou esquecendo, que agora... — Lembra? - ela insiste. — Sim - eu minto, fingindo uma lágrima para deixá-la contente. Ela também chora e diz, já em sonho: — Que bom! No dia seguinte, ela se vai sem despedida. Guardo os chinelos, ponho o roupão par

Prefácio ao Guardião da Manhã

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Nestor Kirjner A artista ousa! Cercada de literatos, respeitada por seu talento, ela poderia qualificar sua obra recorrendo a um nome de peso da literatura brasiliense. Mas Luci Afonso acredita em seus signos, e o convite para este Prefácio chega surpreendentemente ao Velho Menestrel, com a constatação de que há música, e muita música, nas crônicas com que Luci enfeita nosso cotidiano. Não escolher um escritor consagrado, mas um poeta musical desconhecido! A ousadia de Luci me faz personagem de uma confissão. Ela confessa que seus poemas são temas musicais que, como diria Paulinho da Viola, só não têm melodia, pra não perder o valor. E a leitura das crônicas confirma essa suspeita! A música da vida permeia as palavras da escritora, a poesia caracteriza a prosa cotidiana, Luci compõe musicalmente belos textos e, convidando-me ao prefácio, me faz parceiro de sua arte! Infelizmente, não sei “cantar” suas deliciosas crônicas plenas de leveza, e permaneço estático, apenas um humilde e ávido

A vida é um grande Biscoitão

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Luci Afonso From: Eudaldo Sobrinho < eslsobrinho@gmail.com > To: Luci Afonso de Oliveira < luci.afonso@terra.com.br > Quinta 23/04 09h57 Luci, O orçamento é um pouco acima do montante de que dispomos, ainda assim eles ofereceram o projeto mais completo. Considero essa edição muito luxuosa em vários sentidos: o papel e a tinta são os melhores possíveis. Na capa, a impressão é dos dois lados. O livro ficaria realmente um chuchuzinho. Segunda 27/04 09h42 O Edson fez o melhor que pôde pra baixar o preço. Fiquei triste de não conseguir cópias adicionais. Agora temos que correr pra fazer a prova e imprimir! Me mande os textos que você quer incluir. Acho que cabem umas duas crônicas não muito grandes. Quinta 30/04 01h48 Em anexo segue o pdf. Mil perdões por não ter enviado mais cedo. Hoje o dia foi uma montanha russa que eu não queria ter vivido. Gostaria de saber se é possível ter mais uma crônica, mas ela só pode ter 2 páginas. “Umas” não é possível, e 3 é inviável. Se você tiv

Comentário sobre O Guardião da Manhã

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Isolda Marinho Como um refresco doce num momento de amargura; um sorvete de pinha no calor do verão; uma massagem relaxante após um dia cansado; um abraço de aconchego na horinha da tristeza; uma xícara de chã de hortelã com bolo de amêndoa no vazio da tarde; uma fonte de esperança quando tudo já parece esvaído. Esta é sensação que sinto quando leio um texto da Luci. A cada crônica, um lampejo de ânimo para termos a certeza de que vale a pena ser. Isolda Marinho é autora dos livros de poesia "Sementes de Amora" e "Viço do Verso".

Os olhos do tempo, de Elicio Pontes

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Os Olhos do Tempo é o segundo livro do poeta Elicio Pontes e será lançado na próxima segunda-feira, 17 de agosto, às 19h30, no Martinica Café, na 303 Norte. Classificação: imperdível . Elicio Pontes nasceu em Nova Russa, Ceará. Em Crateús, para onde se mudou aos cinco anos, escutava cantadores e poetas populares na feira da cidade. À noite, lia romances de cordel para ouvintes não leitores; ganhava aplausos (e, às vezes, algumas moedas). Aos 13 anos foi para Fortaleza, onde mais tarde tornou-se jornalista e radialista. Formou-se em Pedagogia pela UFC. É mestre em Educação pela USC, de Los Angeles, EUA, e doutor pela Uned de Madri, Espanha. É professor da Universidade de Brasilia. Publicou, em 2001, Corpos Terrestres, Corpos Celestes (Poesia).

Felis cattus domesticus L., SRD

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Luci Afonso Gatos são amaldiçoados, desde que um deles serviu urina a Jesus. Têm pacto com o Demônio e com feiticeiras. São dissimulados, interesseiros e preguiçosos. Quando não gostam de uma pessoa, atacam-na diretamente na jugular, sem chance de defesa. Não se apegam a ninguém, não fazem carinho nem gostam de ser tocados. Eu acreditava firmemente nessas ideias e chegara a afirmar, em diversas ocasiões, que odiava gatos, que eles me davam medo e agonia. Por isso, fui apreensiva à feirinha de doação de animais, na manhã de sábado, procurar um gatinho para meu filho, disposta a enfrentar meus temores para que ele tivesse a companhia de um bicho de estimação. Ainda estávamos traumatizados por várias tentativas fracassadas de criar cachorros e sabíamos que pássaros, tartarugas e peixes não interagem com o dono. Avistei imediatamente o filhote de pelo claro e listrado, no meio de outros que miavam nervosos e assustados com os barulhos da feira. Ele nascera há dois meses em apartamento, por

Comentário sobre O Guardião da Manhã

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"De: Luiz Ruffato Data: terça-feira, 4 de agosto de 2009 09:00 Para: Luci Afonso Assunto: olá Olá, Luci, fiquei muito feliz em reencontrar você. No aeroporto, li O Guardião da Manhã, de uma só vez... Além da edição lindíssima (invejável pelo bom gosto e pela elegância), os textos são primorosos. Alguns, como Parabéns pra você, Promessa, Escambo de natal, extrapolam o gênero e se querem contos - e são muito bons. Outros, como Dente mole e sua continuação É meu, ou Moreno, alto e forte, são mostras do melhor da crônica. Parabéns, Luci. Grande abraço deste lr" Luiz Ruffato nasceu em Cataguases (MG) em 1961. Recebeu importantes prêmios literários nacionais. Seu mais recente livro é Vista Parcial da Noite, terceiro volume da série Inferno Provisório, publicada pela Editora Record.

4º Desafio dos Escritores

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Está lançado o 4º Desafio dos Escritores (Conto) do Núcleo de Literatura do Espaço Cultural Zumbi dos Palmares, da Câmara dos Deputados. Já estão na página do Núcleo as regras, a ficha de inscrição e o cronograma. Certamente,como nas edições anteriores, o Desafio revelará grandes talentos. Seja um deles! Início: 27 de agosto . Inscreva-se já: http://literaturadecamara.sites.uol.com.br/

Assim no Céu como na Terra

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Luci Afonso — Nome? — Clodoaldo José Paulino, às suas ordens. — Idade? — Oitenta e um. Oitenta e dois no mês que vem, se Deus quiser. —Apelido? — Pernambuco. — Nasceu em Pernambuco? — Não, no Rio Grande do Norte. — Motivo que o trouxe? — O coração estufou, o peito ficou pequeno. — Causa natural, então. Deixou bens? — Filhos, netos, amigos e clientes. — Profissão? — Lavador de carros. — Que tarefa gostaria de realizar aqui? — A mesma. Por dentro e por fora, no capricho. — Não usamos carros. O senhor sabe fazer mais alguma coisa? — Eu sei alegrar as pessoas que acordam desanimadas. — Essa atividade não consta em nossa lista. É nova? — Não, é velha como eu. — Como era feita? — Eu só cumprimentava, desejava bom serviço e dava minha benção. — O senhor tinha permissão para abençoar? — Precisava? — Um momento, por favor. Apresente-se amanhã bem cedo, no portão principal. — Se não for pedir muito, seu moço, posso ter crachá? — Veremos se é possível. Próximo! No dia seguinte: — Bom dia, doutor!

Comentário sobre O Guardião da Manhã

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Cristina Leme 21/07/09 "Querida Luci, Adorei seu filho mais novo, seu "benjamim". Você merece muitos maços de gerbras ! Agrada-me muito seu aguçado senso de humor, presente nas crônicas que abordam os tratamentos ditos alternativos (para o corpo e para a alma): você se submete a eles sem abdicar do senso crítico. No dia em que vc veio me trazer o livro, esqueci de comentar sobre o grande destaque que o Correio Braziliense deu no dia do lançamento, com matéria de página inteira, fotos, revelando quem é o guardião da manhã. Achei ótimo! Ah! você é a Ci, LuCi? Abração, Cristina " Cristina Leme é Assessora Parlamentar e personagem da crônica “Equinócio”.