O massacre dos quirópteros
Luci Afonso — Mãe, olha o passarinho preto! — Quieto, meu amor, já vai começar! O auditório estava lotado. O diretor dava as boas-vindas ao público e anunciava o primeiro item do programa. O menino só conseguia prestar atenção no bicho esquisito que surgira de repente do teto. Parecia um passarinho, mas tinha cara feia e asas sem penas. Apareceram mais dois e começaram a sobrevoar o palco. — Mãe, olha! – Desta vez, ela enxergou as pequenas criaturas, mas não conseguiu identificá-las. — Fique quietinho, meu bem, é parte do cenário, - mentiu. Estava concentrada no recital. À medida que transcorria a apresentação, outros saíram do telhado e passaram a voar também sobre a platéia. O salão estava muito quente e as portas, fechadas. Algumas pessoas notaram a estranha movimentação, até que um sussurro percorreu o recinto: — Morcegos! A partir daí, o público passou a observar os mamíferos voadores. Seu número parecia aumentar a cada salva de palmas. Um casal na última fileira tentou, discretam