Muito além do gênero
Em entrevista exclusiva, Luis Fernando Verissimo fala sobre seu novo romance policial, "Os Espiões" Luiz Costa Pereira Junior Luis Fernando Verissimo criou como quem não queria nada uma marca de estilo difícil de imitar: a de tratar cada texto, o mais insignificante bilhete, a crônica mais apressadamente escrita ou o livro mais ambicioso, como peça única a conjugar elegância, criatividade e bom humor. É combinação notável em quem se fez conhecido, no trato direto, pela timidez e conversa em monossílabos. Fato é que a timidez não o isola do mundo, nem sua crônica padece de contágio do laconismo. Aos 72 anos, com mais de 50 obras, Verissimo une o afiado humor ao refinado senso de observação da vida e da fala brasileiras, manifestos tanto na crônica e no romance como nos quadrinhos e roteiros de TV. Acha, sem ironia, que a ironia não pega no Brasil. Ao menos por escrito. Para escrever com ironia, diz ele, é preciso ser lido ironicamente. O brasileiro, tão sagaz ao falar, levari