Vigas metafísicas
Tarlei Martins “Eles eram muitos cavalos” percorre em um dia as entranhas da cidade de São Paulo, da gente que vive naquela “metrópole apressurada” – como é chamada pelo também mineiro, e também escritor, Evandro Affonso Ferreira. Nada escapa ao olhar do Ruffato. Por conta da imensidão que é essa “metrópole apressurada”, o olhar tem de ser um olhar caleidoscópico. Ruffato se sai muitíssimo bem do desafio. Coloco "Eles eram muitos cavalos" na categoria dos clássicos fundamentais. Tomo emprestada a definição de clássico que ouvi de José Miguel Wisnik: "Clássico é que aquele tipo de obra que não cessa de renovar sua atualidade". Na minha leitura, foi com esse livro que o Ruffato redesenhou sua trajetória de escritor de ficção. O que veio depois foi a pentalogia “Inferno provisório”, em tudo magistral. O “Inferno...” compõe-se de “Mamma, son tanto felice”, “O mundo inimigo”, “Vista parcial da noite”, “O livro das impossibilidades” e “Domingos sem Deus”.