Ter ou não ter
Luci Afonso O povo dinamarquês é o mais feliz do mundo. Ouvi isso deitada no sofá, numa tarde desocupada e sonolenta, em que zapeava os canais da TV a cabo à procura de diversão ou de cochilo, o que chegasse primeiro. Os bocejos foram se intensificando até que a reportagem no show da Oprah me despertou a atenção. A Dinamarca sempre me lembrara Hamlet e Babette, personagens da literatura e do cinema. Naquela matéria, fiquei sabendo que os dinamarqueses de carne e osso moram em espaços pequenos, têm poucas coisas, aproveitam ao máximo o que possuem e são felizes. Também confiam uns nos outros: durante o dia, os bebês dormem tranquilamente em seus carrinhos à porta de casa. O assunto me voltou à mente quando, há dois meses, precisei mudar de apartamento. De um confortável e amplo três quartos, dois banheiros, garagem e DCE, passei para um de um quarto e meio, sem garagem, um minibanheiro e um vaso sanitário para a empregada. Despachei grande parte da mobília e outros objetos para a ch