Antero Barbosa O mundo da “Crónica” é a biografia de um modelo literário que ainda hoje ostenta o título de enteado. Não detendo o estatuto dos filhos legítimos, o romance, a novela, o conto, o poema, a poesia. Sendo aparentado a um texto que é um pastiche, a chiclet, de consumo imediato, para ler e deitar fora no mesmo dia, de natureza efémera e volátil, de vida mais curta ainda que a dos insectos que duram um único verão. Há autores contemporâneos que contradizem esta definição de leveza e usam na Crónica a profundidade. Rubem Braga e António Lobo Antunes, a título de exemplo. Mas outros há, efectivamente, que, apesar do músculo de seu estilo, a fazem mergulhar na leveza e no light. Designadamente Arnaldo Jabor e Margarida Rebelo Pinto. Não é a crónica um modelo recente, bem pelo contrário. Atingiu um enorme apogeu no século XIX, século de fulgor jornalístico, porque era o jornal o seu meio privilegiado de veiculação. Daí o seu carácter fugaz de mera notícia diária. Autores houve aí