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Mostrando postagens de julho, 2007

Comentário sobre "Velhota, eu?"

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SP, 20.06.07 OI, LUCI. ME DIVERTI MUITO COM O TEU LIVRO. OBRIGADO PELO PRESENTE. VOCÊ É UMA CRONISTA MUITO ELEGANTE. CONSEGUE COMOVER E ENCANTAR, SEM LANÇAR MÃO DE RECURSOS PIEGAS OU INGÊNUOS. PARABÉNS! Nelson de Oliveira nasceu em 1966, em Guaíra, SP. É escritor e crítico literário, Mestre em Letras pela Universidade de São Paulo. http://www.revista.agulha.nom.br/NelsonOliveira.html

Tudo bem contigo?

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— Tudo bem contigo? Era a pergunta mais íntima que ouvira de um homem nos últimos meses. A voz tinha um certo calor, uma dose de ternura. O que ele queria dizer? Que se importava com ela? Que vinha pensando nela desde a última vez em que se viram? Usava a mesma entonação com todo cliente, ou para ela reservara uma especial? Mal pôde esperar o dia seguinte, quando se encontrariam no escritório para tratar da encomenda. Resolveu usar a saia florida, que valorizava as pernas e a deixava mais jovial. Além disso, ele notaria o quanto era feminina. No último encontro, o terninho cinza caía muito bem, mas dava uma aparência sóbria. Será que ele gostava de mulheres maduras? Escolheu uma blusa decotada, que realçava os seios volumosos, um dos poucos trunfos que lhe restavam (o outro eram os olhos verdes, que ela pintou com lápis da mesma cor). Tirou da caixa o perfume francês e enfeitou-se com argolas enormes. Chegando ao trabalho, dirigiu-se primeiro ao toalete para conferir o visual. Deu de c

Nocturno em Sol Maior

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Antero Barbosa O mundo da “Crónica” é a biografia de um modelo literário que ainda hoje ostenta o título de enteado. Não detendo o estatuto dos filhos legítimos, o romance, a novela, o conto, o poema, a poesia. Sendo aparentado a um texto que é um pastiche, a chiclet, de consumo imediato, para ler e deitar fora no mesmo dia, de natureza efémera e volátil, de vida mais curta ainda que a dos insectos que duram um único verão. Há autores contemporâneos que contradizem esta definição de leveza e usam na Crónica a profundidade. Rubem Braga e António Lobo Antunes, a título de exemplo. Mas outros há, efectivamente, que, apesar do músculo de seu estilo, a fazem mergulhar na leveza e no light. Designadamente Arnaldo Jabor e Margarida Rebelo Pinto. Não é a crónica um modelo recente, bem pelo contrário. Atingiu um enorme apogeu no século XIX, século de fulgor jornalístico, porque era o jornal o seu meio privilegiado de veiculação. Daí o seu carácter fugaz de mera notícia diária. Autores houve aí

Ci tem Vick, tem?

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A cara redonda apareceu na porta do quarto após um mês de licença médica. — Melhorou, Ana? — Melhorei, Ci. Só tô um pouco troncha. — O que foi? — Meu peito piou a noite inteira. Ci tem Vick, tem? — Suas pernas continuam inchadas, Ana. — É mesmo. Ci tem sebo de carneiro? — Você está tomando os remédios para emagrecer? — Eu tô encruada, não emagreço mais. Vou tentar a cirurgia. — Mas você não come, Ana! — É, Ci, mas com o estômago menor, quem sabe eu emagreço? — Deve ser difícil conseguir vaga. — Não, em janeiro de 2010 tem uma no HRAN. — E as meninas, Ana? — Estão boas. Só a Nen que vive deitada, com crise de enxaqueca. O psicólogo disse que é estresse. — Estresse por quê? — Ela vai casar. — E a Juju? — Fora o vômito, tá jóia. Tem vez que é o dia inteiro. — Ela foi ao posto? — Foi, o médico pediu uma endoscopia. — Já marcou? — Daqui a seis meses. — E até lá, Ana? — Ci tem chá de boldo? — E o Nego, como está? — Não adoece de jeito nenhum. Em compensação, não tem muita sorte. — O que acon