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Mostrando postagens de novembro, 2025

Eu te perdoo

Luci Afonso Pai, é tarde de domingo, o vento está forte, e parece que vai chover. No domingo, geralmente, sinto um pouco de angústia quando vão se aproximando as 17 horas. Hoje, meu coração está tranquilo, sem sofrimento. Por isso, resolvi falar com vc. Sei que no domingo à tarde vc gosta de assistir ao futebol na TV. No intervalo, faço um café, frito um biscoito e te chamo para o lanche. Seu time está perdendo, vc está preocupado com o segundo tempo. Volta para a sala, e eu começo a lavar a louça do almoço. Esse é o sonho que me vem constantemente. Me dá uma agradável sensação de paz e bem-estar, que se dissipa logo que acordo. Só me permito amar vc em sonhos. É que eu não te perdoei, e assim deixei de receber o imenso amor que vc me dedicava. Me perdoe por não ter falado com vc na última vez que ligou. Peguei o telefone, ouvi sua respiração ansiosa, mas as lágrimas me impediram de responder. Saí correndo para o quintal, e sei que vc também ficou muito triste. Po...
Domingo com Clarice Lispector E eu não aguento a resignação. Ah, como devoro com fome e prazer a revolta. Como sou misteriosa. Sou delicada e forte. Ao seu lado, na rua, passavam criaturas que certamente se haviam dificultado menos, e que seguiam para um destino mais imediato. Há um ponto em que o desespero é uma luz, e um amor. Clarice dá tanto aos outros e pede licença para existir (Dr. Lourival, citado sem sobrenome por Clarice) Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem. Agora ela está toda igual a si mesma. Ela é a amante que sabe que terá tudo de novo. (...). Está cada vez menos sôfrega e menos aguda. ,,, medo do que é ao mesmo tempo selvagem e suave. Uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.