Senhora dos Gatos
Luci Afonso Desceu do ônibus por volta das dezenove horas, como de costume, e quando começou a caminhar percebeu que era seguida. Virou-se, mas não viu ninguém. Andou mais rápido. Quando já entrava na quadra, ouviu um gemido. Tomando coragem, refez seus passos e a viu escondida atrás de uma quaresmeira. A pata direita sangrava. Os olhares de fêmea se cruzaram: — Você quer que eu te salve? A gata hesitou, mas finalmente aproximou-se da mulher e esfregou-se na sua perna. Rose sentiu um arrepio e soube, então, que encontrara a razão de sua vida. Pegou o animal com cuidado e o levou até o apartamento nas 400. Usou o edredom que havia sido da filha para forrar o chão do quarto de hóspedes. Após limpar e tratar os ferimentos, encheu duas vasilhas de plástico com leite e água. — Você vai se chamar Dévon. — A gata assentiu, lambendo as mãos da salvadora. Na manhã seguinte, ao sair para o trabalho, Rose estava diferente. Não se sentiu sozinha no ônibus lotado. Respondeu ao bom-dia das cole