“Desde pequeno, ouviu dizer que é diferente”
Gabriel Marinho
Luci Afonso pensa como a maioria. Cada um tem a sua própria acepção da palavra. A conotação pode ser boa ou ruim. Tantos julgamentos e ideias que às vezes pensam que eu não tenho a mínima noção de como sou. O que é ser diferente para mim?
As diferenças mudam conforme o tempo, de acordo com a idade, as descobertas e a vivência. Alteram-se os meios, jamais a palavra.
Diferença invisível, fácil de ser misturada com as normalidades, que se agiganta quando provocada, no bom e no mau sentido.
Diferença que te coloca acima do outro e que jamais deve ser admitida. A linha divisória da arrogância é tão fácil de ser rompida que é preciso se policiar.
Diferença que te mantém vivo por dádiva ou equívoco. Os diferentes mudam o mundo, nunca a si mesmos.
Diferença que me faz triste por não ter e feliz por possuir. Enquanto não somos descobertos, o que temos perde o sentido.
Diferença por diferença, quem não tem? Num mundo de valores distorcidos, cabe a todo mundo julgar. Menos você.
Diferença que te flagela por ser o certo inserido no errado. Ou o contrário.
Diferença por acatar cobranças das mesmas pessoas que primam pela sua liberdade.
Diferença que estigmatiza. Sempre contraditória. Sempre confusa. Insistindo na indiferença.
A diferença não é uma abiogênese. Seu surgimento não é espontâneo. Não passeia por um vácuo. Está além da razão e aquém do livre-arbítrio.
Defini-la em frase, parágrafo, capítulo ou romance? Nada de resposta. Assim, a diferença procria de acordo com a imaginação de cada um.
Diferença por diferença, prefiro a falta de respostas e as dúvidas insistentes ao tédio de um mundo já compreendido.
Gabriel Marinho é autor dos romances O mundo depois do fim (2009) e Breve Sonho de Esperança (2010), ambos aprovados pelo FAC/DF.
Somos únicos. E o milagre da vida está justamente aí. Concordo que os "diferentes mudam o mundo". Adorei o texto e aproveito a oportunidade para parabenizá-lo pelo "Breve sonho de esperança", estou lendo-o e adorando.
ResponderExcluirUm abraço para você e Luci.
Gabriel, cada vez mais maduro...
ResponderExcluir"...prefiro a falta de respostas e as dúvidas insistentes ao tédio de um mundo já compreendido".
Falar mais o quê, depois dessa frase? Só que essa busca não cessa aos 30, nem aos 40 e nem aos 50. Ufa, que bom!
Gabriel, que universos ainda vão brotar de você? Beijo na alma.