Depois do fim



Luci Afonso



Prefácio

Ele gagueja, não olha quase ninguém nos olhos, move continuamente as mãos, num traçado imaginário. Desde pequeno, ouviu dizer que é diferente. Esquisito, calado, retraído.

Capítulo 1

O primeiro amigo foi um livro. O mais recente também é. Só confia em pessoas mais velhas: na mãe, no professor de português, no pagodeiro debochado.

Capítulo 2

Gosta de futebol e shows de rock. Ainda não namorou. Já foi dark. Já quis morrer.

Capítulo 3

Uma noite, de tão triste, imaginou o fim do mundo. Em seguida, o mundo depois do fim. A ideia virou título, frase, parágrafo, capítulo, romance. O primeiro foi publicado, o segundo ficou pronto, o terceiro está a caminho.

Capítulo 4

Na realidade sonhada pelo coração jovem e valente, há batalhas terrestres, aéreas, aquáticas, intergalácticas, interiores. Os heróis sempre têm final feliz.

Capítulo 5

Ele vai a entrevistas, lançamentos, noite de autógrafos, palestras. Aperta mãos desconhecidas, pergunta nomes, faz dedicatórias. Desde pequeno, sabe que é especial. Predestinado, luminoso, abençoado.

Epílogo

Um ser humano venceu. O ser humano venceu. Existe o mundo depois do fim.
Há também um breve sonho de esperança, mas esta é outra história.

Comentários

  1. Que linda homenagem ao Gabriel! É isso mesmo: um se rhumano venceu! Texto muito sensível e carinhoso!

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  2. Tem coisas que me remetem uma vontade enorme de sentar na calçada e chorar. Essa reportagem/crônica do Marcelo, falando lindamente de pessoas tão especias, é uma delas. Precisa dizer mais..."Hoje, mãe e filho lançam juntos suas obras. Mais que isso. Lançam palavras transformadas em vidas. Gabriel escreve para se sentir vivo e se salvar. Isolda, para se encantar e se achar nela mesma".

    Marrapá! que dupla linda.
    beijos pros dois

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