Azul
Azul
Luci
Afonso
Ele está na beira do
lago. A água é límpida e refrescante.
Enquanto molha os pés, ele observa o cenário. Ipês de todas as cores enfeitam o
parque. O chão está coberto de folhas. Como as árvores, ele espera a chuva para
amenizar a angústia da seca.
A chuva é azul,
sussurra o vento. A chuva é azul, repetem as nuvens.
Ao longe, ele avista o Bando
de Amigos debaixo de uma árvore. Eles se
reúnem a cada quinze dias. No encontro anterior, aprenderam a fazer origamis de
tsurus em tons suaves. Depois, tiveram uma oficina de pulseiras artesanais. Com
cuidado, ele produziu pulseiras para a mãe, numa singela combinação de formas e
cores.
O bando de amigos é azul,
dizem as árvores. O bando de amigos é azul, confirmam os pássaros.
Por mais que ande, ele
não consegue chegar ao grupo. Eles parecem estar sempre mais longe, como num pesadelo.
O sol está forte e o tempo, seco. O chão pega fogo. Ele tem muita sede.
Cansado, ele se deita à
sombra de um enorme ipê amarelo, recortado no céu azul. Por que não existem
ipês azuis?, ele se pergunta. O mundo seria mais feliz.
Os ipês são azuis, diz
a memória. Os ipês são azuis, constatam os olhos.
É noite no parque. Está
sozinho e sente o primeiro pingo de chuva no rosto. Depois, outros e mais outros. A chuva é delicada, mas persistente.
Procura abrigo num
quiosque e se ajeita para atravessar a noite. Sente frio, mas sabe que tudo vai
estar bem quando amanhecer. Dorme um sono pesado.
O sono é azul,
diz a noite. O sono é azul, repetem as estrelas.
Quando acorda, o sol
morno lhe faz sentir como se estivesse em casa. Está num lindo bosque de ipês
azuis, que se confundem com o céu. Sente uma profunda paz.
A paz é azul,
descobre o menino. A paz é azul, comemora a sua alma.
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