Árvore

 



Luci Afonso

 

Não sei o seu nome, árvore, mas te amo desde que joguei a semente à terra e esperei que brotasse. Enquanto lhe dava água, eu também saciava a minha sede. Tão pequena e tão generosa! A sombra miúda já abriga uma criança.

Suas folhas demoraram a aparecer. Você foi a última a ter folhas verdes no tronco seco e aparentemente morto. Quiseram te arrancar do jardim, eu não deixei.  Reguei-a duas vezes por dia, pedindo em silêncio que você nascesse.

Até que despontaram suas folhas. No dia seguinte, estavam maiores, e continuaram crescendo até que você se tornou a árvore mais alta do jardim.

Ainda não sei seu nome, mas converso com você de manhãzinha, enquanto o sol nasce e as pessoas despertam. Você é a minha nova razão de viver.



                                                                  Outubro de 2020

                                                  (Foto da autora)


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