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Setembro Amarelo

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 Luci Afonso Olhe para mim. Sou o ipê-amarelo. Renasço todo ano no mês de setembro. As pessoas aguardam minha chegada para aliviar a saudade da chuva e outras dores da alma. Quanto mais forte a seca, mais belas são minhas flores. Minhas raízes se agarram ao solo, esperando o momento de brotar. A terra não me dá o alimento de que preciso, e o sol queima meu tronco ressequido, quase matando a seiva que sobrevive em mim. Mas não posso morrer. Trago esperança aos homens. Na minha beleza, eles reencontram a razão de viver.   Na minha força, redescobrem a sua força. Na minha luta pela vida, retomam a sua luta pela vida. Primeiro, nascem as folhas. Depois, rebento em botões que daí a pouco se transformarão em flores. Cada flor é mensageira da esperança, assim como todo dia é a vitória sobre a morte. Quero viver para apaziguar o coração dos homens, para inundá-lo de beleza. Quero saciar a nossa fome de vida.     Olhe para mim. Sou o ipê-amarelo, renascido apesar da seca e do sol inclemente