Conto, história, crônica em Fernando Sabino
Com a designação um tanto circunstancial
de conto quando na terceira pessoa, história quando experiência pessoal e crônica quando em tom reflexivo, pode-se
dizer que na verdade se trata de um gênero literário próprio, peculiar a
Fernando Sabino: um relato curto de fatos colhidos da realidade, com tratamento
de ficção, em linguagem nítida, sem os ornatos da retórica tradicional, mas de
técnica apurada e respeito aos requisitos da clareza, concisão e simplicidade.
São episódios, incidentes, reminiscências, reflexões, encontros e desencontros
por ele vividos na sua “aventura do cotidiano”, apresentados com rica
inventiva, como se o próprio leitor participasse —, nisso residindo o seu maior
fascínio. Sob a aparente singeleza, transparecem a sensibilidade, o humor, a
ironia, às vezes o espírito satírico — mas sobretudo a solidária simpatia com
que o autor surpreende o que há de belo, delicado ou hilariante na natureza
humana.
(Texto exibido na contracapa de “Os
melhores contos de Fernando Sabino”, Editora Record, 1992. Sem indicação de
autor.)
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