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Mostrando postagens de abril, 2012

Meus pêsames, bom dia

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Luci Afonso Minha amiga Isolda me prevenira: — Ela é um pouco velha. — Fui assim mesmo, por causa do convênio. Estranhei as paredes descascadas e as poltronas rasgadas do consultório, e o susto foi ainda maior quando deparei com minha falecida avó vestida de médica. Uma enorme verruga tomava o lado direito do nariz e projetava três pelos grossos, dois brancos, um preto, como bigodes de gato. Assim que me sentei, ela começou as perguntas de praxe. Falava alto e não ouvia bem. Quando chegou ao estado civil, fiquei confusa: à medida que os anos correm, não consigo decidir se “separada” tem mais status que “solteira”, ou se ambos indicam o mesmo fracasso. Eu meditava sobre o assunto quando ela comentou: — TÔ TE ACHANDO UM POUCO LENTA, MINHA FILHA. — É — concordei —, estou meio devagar. — COMO ANDA SUA VIDA? COMO ESTÁ O SEU EU? — ela perguntou, inclinando-se para frente e arregalando os olhos azuis com sinais de catarata. Lembrei minha avó no caixão e senti medo. Te