Começa com f

Luci Afonso

Nas últimas semanas uma questão vernácula me ocupou o pensamento: a combinação do adjetivo que dá qualidade a coisas macias ou bonitinhas com o substantivo que designa aquele animal com pele lisa e escorregadia, dizimado sem piedade por caçadores no Polo Norte.

Quando uma palavra me chama a atenção, costumo pesquisar etimologia, significado e sinônimos, para não empregá-la levianamente. Sempre aprendo muito.

O Aurélio, por exemplo, explica que se trata de um vocábulo expressivo (se o professor aparecer, vou perguntar o que é isto) e que significa mexerico, intriga, bisbilhotice. O Houaiss relaciona vinte e um sinônimos e apenas um antônimo: discrição, ao qual eu acrescentaria “confiabilidade”.  

Na Internet, descubro que é prática inerente ao ser humano e que se manifesta desde o tempo das cavernas. Evoluiu muito desde os grunhidos, ganhando impulso com a invenção da escrita e, mais recentemente, do correio eletrônico. Afinal, nada mais cômodo que o e-mail, com cópia oculta, confirmação de leitura e arquivamento em pasta pública. Nada mais discreto. Nada mais confiável. Nada mais elegante.

Erroneamente associada ao gênero feminino, a fofoca é devastadora quando feita por indivíduos de outro sexo. Vira fofocagem, fofocada. Parafraseando um amigo recentemente falecido, “é fofoca tudo aquilo que for manchete na alma do fofoqueiro”.  As comadres que se cuidem.

Tenho outras considerações a fazer, mas preciso ir ao banheiro. Voltarei assim que passar a náusea.