Escrevo porque...




Gabriel Marinho

Escrevo para exorcizar fantasmas. São muitos e alguns se esquivam. Escrevo para espantar e trazer meus sentimentos à tona, sendo louco e, ao mesmo tempo, curando a minha loucura. Escrevo por destinação, vício, doença, patologia. Escrevo para justificar uma vida que eu não gostaria que fosse minha.

Imagino e idealizo sempre. Todos os defeitos são louváveis perto dos meus. Cada vida sofrida e amaldiçoada é a dádiva que anseio. Toda família desajustada e cada má influência são o âmago de um lar que jamais tive.

Dos meus mundos, apenas quem surge na minha imaginação participa. Cada derrocada, irregularidade, queda, quebra, choro e dor são perfeitamente dinamizados para me causar admiração e inveja, atingindo a beleza que os meus problemas jamais revelam.

Escrever é uma dádiva e uma maldição. Às vezes, mais um do que outro.

Muito suor e sangue nos dedos. Uma centrífuga acende na cabeça. Está bom? Está horrível? Nunca estará como eu pretendo.

O escritor é um guerreiro indômito nos dias de hoje. Há quem se cansa dessa batalha. No meu caso, persisto com os ossos quebrados e o orgulho intacto.

Em época e país errados, a dádiva e a maldição abrem chagas. Que arderão até que os que maldisseram minha escolha se calem e vejam. Relembrando Luci Afonso:

Um ser humano venceu. O ser humano venceu”.

Espero...

Gabriel Marinho é autor dos romances O mundo depois do fim (2009) e Breve Sonho de Esperança (2010), ambos aprovados pelo FAC/DF.

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