Alento em Branco Maior




Luci Afonso

O homem construiu o ambiente urbano em concreto e agora busca respirar no vazio branco que lhe resta em meio aos edifícios sem cor. Neste cenário, a natureza é só um detalhe: em vermelho, como a vida, ou em azul, como o céu.

Sufocado pela paisagem árida que forjou com descuido e indiferença, o ser humano procura a sensação de liberdade à beira de um espelho d’água que ainda o refresca ou ao lado de outro ser — um amigo, um pássaro, uma flor — que ainda o compreende.

É difícil fazer o simples. Na mostra Alento em Branco Maior, o jovem Helano Stuckert constrói um diálogo eloquente entre os poucos elementos que compõem suas fotografias. Desapego e simplicidade são marcas na vida e na obra deste artista que, ao longo de quatro anos, registrou momentos de intensa solidão e de luminosa esperança nas metrópoles por onde andou.

Escondido atrás da lente, Helano realça a amplidão branca em contraste às duras linhas do concreto, à sombra de grades e muros que aprisionam e à geometria de escadas que parecem levar a lugar nenhum. As pontes não atravessam, os trilhos não andam, as nuvens se mantêm cinzentas, mas o homem insiste em perscrutar caminhos que o conduzam ao mais branco, ao máximo branco, ao alento em branco maior.



Esta exposição faz parte das comemorações da Semana do Meio Ambiente na Câmara dos Deputados. Materiais descartados pela Gráfica da Câmara foram repensados para servir como molduras das obras.
Latas, tonéis, caixas de papelão, tablados de madeira e chapas de off-set interagem harmoniosamente com as fotografias de Helano Stuckert, mostrando que é possível unir a sofisticação da arte à preservação do meio ambiente.

(Fotos da vernissage no fotolog, à direita.)

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