Queria te contar também

Luci Afonso


Prima,

Palavras não poderiam expressar meus agradecimentos por demonstrações de tanto carinho e consideração, que, pode ter certeza, são recíprocos. Você me dá prazer de viver, de me sentir gente. Depois do nosso reencontro, estamos mais confiantes para encarar as tranqueiras da vida.

Eu e Tetê procuramos o encantamento que anda meio sumido. Quem sabe, um dia, nossos comparecimentos voltem à normalidade.

Estou me recuperando de uma noite maldormida (graças a Deus, elas têm sido raras). Fiquei na Internet até tarde e precisei acordar cedo para fazer um curso no Detran.

Apesar da solidão, estou satisfeito, aprendendo a agradecer a Deus tudo o que Ele me envia. Deixo a vida me levar, um dia de cada vez, extremamente motivado, mas também com alguns medos.

Andei comparando meus pensamentos e atitudes aos de um ano atrás, e, honestamente, creio estar progredindo. Em vez da forte depressão daquela época, sinto-me fortalecido — às vezes, inclinado até a me considerar patrimônio da humanidade.

Tento aceitar o fato de não morar mais com esposa e filhos. Tantos anos de convívio! Não há como apagá-los do coração.

Queria te contar também... à noite deixo minha janela entreaberta e peguei a mania de contemplar o relógio da estação, 20 minutos adiantado. Adoro a vista da praça e da escadaria de mármore. Lembra que a gente escorregava do alto do corrimão e subia de novo as escadas até ficar sem fôlego?

O relógio está marcando quase 22 horas. Que paz! Estou ouvindo uma música que sai do prédio da estação e me preparando para ir ao aniversário do meu compadre Tadeu.

Se dependesse de mim, iria a Brasília o quanto antes, mas a previsão é só depois de junho, num fim de semana em que você puder me receber sem atrapalhar seus compromissos.

Ontem transmiti seu abraço ao papai. Nada melhor do que chegar à casa dele e vê-lo tão bem, o semblante vivo, os olhos brilhantes. Há muito tempo isso não acontecia.

O Araxá Esporte começou a disputar a segunda divisão do campeonato mineiro. Enquanto vemos os jogos, falamos sempre no tio Cici. Lembra que ele sempre nos levava ao estádio? Nossos pais passaram grandes momentos ali. Doce recordação...

E a vida continua.

No mais, aqui vou terminando.

Abraços a todos.

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