Silêncio



Anabe Lopes










E de repente acordei
E tudo era silêncio
Um silêncio que cortava o corpo do sonho ao meio
Uma enorme cachoeira silenciosa
Os pássaros ensaiavam os sons
e produziam só o silêncio
e o silêncio reproduzia um grito de dor
As crianças vinham a mim sorrindo
e suas palavras silenciosas
calavam mais a minha alma
que vertia lágrimas silenciosas
E a nossa música passou a ser o silêncio...






Tenho (?) 41 anos e 4 filhos. O tempo que tenho é o que virá, se vier,e passará, porque quando paramos para pensar o agora ele já é passado. Os filhos são do mundo e os consagro a Deus, e que sejam atores e construtores da vida e da fé. A poesia é minha forma de provar intensamente a vida, de vivenciar a sensação de habitar o espaço entre o ser o não ser, o crer e o não crer, o viver o não viver, o fazer e o não fazer... o dizer e o não dizer; esses espaços plenos de sentimento de mundo em que nossas almas dançam entre a realidade e o sonho. É minha forma de não calar, mesmo sabendo que a palavra escrita é só a ponta do iceberg dos sentimentos e sentidos que moram em nós... Não calar é a forma humana de lutar e de ser um elo na corrente que, fortalecida, resistirá às opressões, e a resistência é o princípio da mudança...

As crianças têm flores nos olhos
E sonhos nas mãos!
Os brutos, armas nas mãos e pedra no coração.
Os homens, a poesia.


anabels@tcu.gov.br




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