Suspeito moreno, alto e forte



A mulher olhava pela janela do apartamento quando o homem se aproximou devagar do Chevette. Ele andou em volta do carro, testando as portas para ver se estavam trancadas. Era moreno, alto e forte, usava bermuda, camiseta e chinelo. Tinha um jeito estranho. Com certeza, não morava na vizinhança.
Prestou atenção ao que o homem fazia. Depois de olhar em volta, desconfiado, ele tirou do bolso um objeto que parecia um canivete e abriu a porta do motorista. Após verificar novamente que o estacionamento estava vazio, entrou no carro.
O suspeito tentou dar a partida várias vezes. Ela tinha visto na TV que os ladrões usavam ligação direta. O que deveria fazer? Ninguém parecia notar o roubo. Após alguns minutos de hesitação, resolveu chamar a Polícia. Tomara não demorasse!
Ela voltou, correndo, para a janela. Agora que ligara o motor, o homem tentava sair da vaga. Claramente, não sabia dirigir — parecia bêbado, ou pior, drogado. Talvez pertencesse à gangue de puxadores de carro que atuava nas quadras vizinhas. Por fim, ele desistiu, e já ia embora quando os policiais o cercaram.
Surpreendido, ele mentiu que morava no prédio. Inventou também que estava aprendendo a dirigir e queria fazer uma surpresa à esposa, estacionando o carro deles mais próximo. Ninguém acreditou — nem a Polícia, nem os curiosos que se juntaram no local, nem a denunciante, que descera para acompanhar o desfecho do caso. Só para tirar a dúvida, um dos policiais interfonou para o apartamento no qual o homem dizia morar.
Em poucos instantes a esposa desceu, aflita, abraçou o marido e confirmou que o Chevette lhes pertencia. Moradora antiga do Plano Piloto, entendeu muito bem o que havia ocorrido. Todos entenderam.




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