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Mostrando postagens de agosto, 2007

(Describe yourself)

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Leonardo Oliveira Uma montanha russa sentimental, trilhando caminhos errados a 100 quilômetros por hora, engolindo palavras e pensamentos, sempre rápido e negligente, atropelando passos cuidadosamente calculados pelo meu subconsciente, deixando-me guiar pela emoção do momento, pelas faíscas surgidas entre dois corpos, nunca resistindo à carne ou prestando atenção nas entrelinhas subliminares dos gestos alheios e em tentativas constantes e frustradas de saber usar corretamente a psicologia. Acabei por colidir comigo mesmo. (Imagem: "Reprodução Proibida (Retrato de Edward James)", René Magritte, 1937)

Comentário sobre "Velhota, eu?"

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Oi Luci, Parabéns pelo Velhota, eu? Gostei muito. Foi um grande prazer conhecê-la em Brasília. Segue um abraço do luiz ruffato Luiz Ruffato nasceu em Cataguases, Minas Gerais, em 1961. Com o romance "Eles Eram Muitos Cavalos", de 2001, ganhou os prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e Machado de Assis, da Fundação Biblioteca Nacional. Com "Vista Parcial da Noite", obteve o segundo lugar no Prêmio Jabuti 2007. Em agosto, foi o convidado do projeto Laboratório do Escritor, do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. http://blogdoluizruffato.blogspot.com/

Anjo

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Lúcio se joga na enxurrada e agita os braços, rindo alto. Barquinhos de papel não lhe bastam: ele se enlameia da cabeça aos pés, mesmo que a travessura lhe custe o açoite da vara de marmelo. Lúcio se joga na vida e luta, respirando fundo. Os braços de menino alimentam pai, mãe e irmãos pequenos. Entre os caixotes de milho, faz palhacinhos de sabugo que divertem outras crianças pobres. Lúcio se joga na chuva e recolhe o tio bêbado das ruas, abrigando-o num quarto de pensão com os últimos trocados que ganhou na feira. Lúcio se joga no amor e soluça no abraço terno que finalmente o acolhe. Sacia-se de água fresca e semeia os filhos que lhe testemunharão a vitória. É hora de percorrer as antigas calçadas de pedra em busca da minha história. Não tenho mais medo: o sorriso inabalável de Lúcio clareia meus passos noite adentro.

Olhe para ele

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Leonardo Oliveira Olhe para ele. Qual queixo não caiu ao vê-lo passear pela rua? Quantas moças, ou até mesmo rapazes, não suspiraram quando viram seu sorriso pela primeira vez? Cada traço do seu rosto parece ter sido esboçado cuidadosamente por um pincel do paraíso, criando a mai s perfeita harmonia: delicada, porém viril. Seu corpo desenhado desperta desejo em qualquer um, e seus músculos, envoltos na pele morena e brilhosa, mostram-se prestes a explodir testosterona quando flexionados. Ele honra o falo que tem, sendo um exímio representante da espécie masculina. Quando anda, o vento abre alas para sua passagem, os pássaros sentem vontade de cantar, o sol brilha ainda mais. Os olhos alheios, lacrimejando, passeiam por aquele mar de virilidade, embebidos de luxúria. Os rapazes o invejam. Talvez até sintam uma ponta de desejo suprimida em seus interiores e surpreendam-se ao serem pegos por uma ereção involuntária, tocando-lhes uma parte desconhecida de si mesmos. Em meio a todos aqueles

Comentário sobre "Velhota, eu?"

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Cara LUCI: Com perdões pela demora (estive viajando durante o mês de julho), venho agradecer a gentileza do envio de seu livro “Velhota, eu?”, e declarar que apreciei bastante o livro. Você revela muita habilidade no trato com as questões cotidianas, que são a matéria-prima das crônicas. Gostei, em particular, de “Antiginástica”, onde você desenvolve uma linha de visão bem-humorada das coisas altamente saborosa. E de “Diário”, talvez a peça mais bem construída, feita de fragmentos e de imagens fortes, que, acredito, constitua uma linha de escrita que lhe há de proporcionar vôos ainda mais altos. Parabéns. Em retribuição, envio-lhe o meu “Café do Povo”. Abraço do Borges. Luiz Carlos Ribeiro Borges nasceu em Guaraci, no interior do Estado de São Paulo, e reside em Campinas desde 1956. É escritor, crítico e cineasta, membro da Academia Campinense de Letras. borges.luiz@terra.com.br

Pátria Palavra

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(Para Alexandra Rodrigues) Pela manhã, a cigana no espelho a convida a seguir em direção à aventura do deserto. Antes de partir, tem tarefas inadiáveis: libertar o filho da tarefa de caça e devolver a borboleta azul ao âmago da floresta; transformar-se em fada madrinha e vestir a menina de Cinderela sem a abóbora; acolher a ternura do companheiro criado depois dos peixes, dos dinossauros e das aves; dar um pulo na Espanha e beijar a testa de Ramón Sampedro antes que navegue mar adentro; aninhar no colo os meninos e meninas de São Paulo enquanto a cidade cicatriza; conferir a dor nas salas de espera do mundo. À tarde, os alunos aguardam a professora transvital para juntos buscarem o nome das coisas. Ela os presenteia com um passeio ao Museu da Palavra. Na exposição Papele , ouvirão vozes de quilombos em volta da fogueira, na noite cheia de Áfricas e serenidades. Na mostra Civilização , assistirão ao combate de guerreiros modernos ecoando gritos de guerra e ostentando símbolos tribais pe

Amor em degradê

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Leonardo Oliveira Vamos nos sentar ali na escadaria mais alta, aquela florida, cuja última estação deu-lhe um banho de folhas secas — foi quando nos conhecemos. Naquela escadaria que nos guiou até o primeiro beijo de boa-noite, aquela que foi berço de um sentimento cor-de-outono que nasceu na época mais seca de mim mesmo. Naquela ali, a mais bonita. Vamos nos sentar um ao lado do outro. É aí que repouso a cabeça e me consolo no seu colo, e aí eu não acredito que te encontrei. Leonardo Oliveira nasceu em Brasília em 1988, onde também cresceu em lar de muito amor e carinho. Aos 18 anos, ainda pretende quebrar os rígidos dogmas da sociedade por meio das palavras e da arquitetura, arte da qual gosta muito. Será arquiteto de sucesso, aguardem. (army_boy_1@hotmail.com)